A minha insolvência
O artigo de hoje é escrito por um dos nossos leitores que pediu para que a sua história sobre insolvência pessoal fosse publicada de forma a motivar outras pessoas que se encontrem em situação de sobreendividamento.
História de vida sobre insolvência
Tenho 45 anos , sou casado e tenho duas filhas. Sempre vivi na terra onde nasci e posso dizer que trabalhei desde os meus 14 anos na área de serralharia de alumínios e com o passar dos anos tornei-me um profissional de primeira com as competências necessárias para desenvolver um trabalho de qualidade tanto no fabrico como na montagem de caixilharias de alumínio.
Em 2007 decidi trabalhar por conta própria e aluguei um armazém para desenvolver a minha actividade e pedi um crédito para equipar com todas as máquinas que eu precisava e posteriormente recorri novamente ao crédito para comprar duas viaturas de caixa aberta que também eram elementares para a firma poder efectuar o seu trabalho no seu todo sem ter que recorrer ao aluguer de viaturas.
O negócio correu bem o primeiro ano, mas em meados de 2008 começou a escassear o trabalho e tive que dispensar dois empregados que na altura tinha porque era impossível conseguir dinheiro para tudo.
Mesmo assim foi extremamente complicado conseguir ter as contas em dia e o inevitável acabou por acontecer e fechei portas em final de 2008 cheio de dívidas e desempregado!
A minha mulher na altura trabalhava na área das limpezas para uma firma e ganhava cerca de 550 euros o que de todo chegava para pagar as nossas despesas porque só de casa tínhamos uma renda de 450 euros, fora as despesas de alimentação, educação de duas filhas e restantes despesas da casa.
A nossa prioridade sempre foi pagar primeiro a renda da casa e termos as condições mínimas para viver como comprar a alimentação e despesas da casa . Com apenas 550 euros e uma despesa fixa de 450 , as prestações dos créditos começaram a ficar para trás e não demorou muito para que os bancos me começassem a pressionar para eu pagar o que lhes devia e apesar de lhes ter exposto a situação financeira precária com que me encontrava de nada valeu e as pressões e acumulação de juros e prestações prosseguiram mês após mês.
Crédito fácil foi um erro
Nesta situação de incumprimento e sem trabalho à vista os meus problemas começaram a dar cabo da minha cabeça . As dívidas acompanhavam-me no dia a dia e raramente me conseguia desligar de todo o problema que eu enfrentava.
A nível familiar também teve o seu impacto e apesar dos esforços para as nossas filhas não se aperceberem da situação era inevitável que elas não desconfiassem que algo estava mal, porque apesar de ainda não serem adultas já têm a noção da vida e aperceberam-se que as coisas tinham mudado.
Com as prestações em incumprimento a aumentarem e a pressão dos credores também resolvi tentar um financiamento do total da dívida que eu tinha de modo a poder liquidar e a ficar uma só prestação. Naturalmente era impensável pedir a qualquer banco porque seria logo recusado por ter o nome sujo e foi aqui que resolvi pesquisar por empréstimos para pessoas com problemas bancários com a esperança de ver uma luz ao fundo do túnel.
Num site de anúncios contactei uma Senhora que se chamava Ana e prometia ajudar pessoas mesmo com problemas bancários e sem garantias. Contactei essa Senhora e contei a minha história para ver de que forma me poderia ajudar e passado 4 dias envia-me um email a dizer que era possível conseguir-me o valor que eu pretendia ( 40 mil euros ) mas que era necessário um pagamento de 250 euros para despesas de processo porque o dinheiro vinha de uma financeira da Alemanha.
Confesso que inicialmente fiquei extremamente contente porque via uma esperança, mas outra parte de mim me diia para desconfiar e com este sentimento a ” falar mais alto” disse à senhora que não me importava de pagar se realmente o empréstimo fosse aprovado mas com a condição de lhe entregar o dinheiro na mão de forma a eu me certificar se realmente era uma fraude ou verdade.
Pedi o dinheiro ao meu irmão e encontrei-me com a referida Senhora em Lisboa , falamos cerca de 30 minutos transmitiu total confiança em cada palavra que saia daquela boca e sem hesitar entreguei os 250 euros com a promessa de ser contactado 2 dias depois.. até um cartão me entregou com um contacto de telefone, uma morada e o email de contacto…
Passado 3 dias e sem contacto nenhum por parte dessa Senhora decidi telefonar para o número que estava no cartão e assim que marco o número oiço uma voz da operadora a dizer que o número não existe.
Percebi imediatamente que tinha sido enganado mas mesmo assim pedi a uma familiar que vivia mais próximo daquela zona onde constava a morada no cartão para r verificar se encontrava alguém ligado e esta mulher, mas também nada… era um simples escritório mas de uma área totalmente diferente do que financeira e ninguém tinha visto ou sequer conhecido alguém com o nome que constava no cartão.
Depois de ter sido enganado percebi que nunca deveria ter escolhido este caminho para resolver o meu problema porque não existe milagres e aprendi isto da pior maneira. Fiz queixa na polícia mas até hoje não existe qualquer pista sobre este mulher que provavelmente já enganou dezenas de pessoas..
Como resolvi a minha situação de sobreendividamento
Depois do choque de me terem burlado 250 euros decidi pesquisar novamente mas não no sentido de conseguir financiamento mas sim uma solução que nos ajudasse a sair deste rolo de dívidas.
Encontrei na altura um site que já não existe e foi ai que comecei a ter conhecimento do que era a insolvência e de que forma a mesma seria positiva para a minha situação. Entrei em contacto com o autor do site que ajudou a entender algumas dúvidas que eu tinha e após uma conversa com a minha mulher e depois de nos termos informado bem sobre tudo o que envolve a insolvência pessoal recorremos à segurança social para termos direito a um advogado que por sinal foi uma Senhora Doutora extremamente impecável do inicio ao fim.
Entre o período em que fechei o negócio e procurava um financiamento o ordenado da minha mulher sofreu uma penhora de 1/3 e actualmente estávamos a viver com o ordenando mínimo o que piorava ainda mais a nossa situação.
Assim que foi nomeada a advogada fomos ter com ela e no próprio dia analisou a nossa situação e pediu alguns documentos para poder avançar com o pedido para tribunal.
Reunimos a documentação pedida e após cerca de um mês fomos chamados ao tribunal para a reclamação de créditos que por sinal não pareceu nenhum credor ou representante e após cerca de 30/40 dias foi declarada a nossa insolvência pessoa ( minha e da minha mulher )
O que mudou na minha vida
Apesar de pedir a insolvência não ser uma decisão fácil para nós foi uma benção e sinceramente recomendo sem hesitar a quem está sufocado de dívidas porque não só já estou a meio dos 5 anos que é necessário para a exoneração do passivo restante como a penhora que estava no ordenado da minha mulher foi suspensa.
Todos os credores deixaram de me importunar porque é proibido para quem pede a insolvência e também nenhum pode accionar uma acção de penhora contra nós o que nos permite equilibrar o nosso orçamento e viver com o medo de quando irá surgir uma nova penhora.
Foi decidido todos os meses entregar 20 euros para o administrador da insolvência para ser posteriormente entregue aos credores no final dos cinco anos. Após acabar este tempo estarei sem dívidas o que é maravilhoso porque na situação em que me encontro e com a idade que tenho iria acabar os meus dias sem nada e sempre com as dívidas a aumentarem e ordenados penhorados.
Escolha um bom caminho
Com este meu testemunho quero apenas alertar para não seguirem o mesmo erro que eu inicialmente de recorrer a créditos fáceis porque não existem.
A insolvência pessoal demora o seu tempo é verdade mas é igualmente verdade que nos protege e dá a oportunidade de recomeçar uma vida nova sem o peso nas costas de uma séria de dívidas que vão acumulando de juros anos após anos. Boa sorte para todos !
Só tenho a agradecer pelo testemunho. Realmente estou numa situação semelhantes e estou agora decidido a pedir a insolvência pessoal para ver se me livro deste pesadelo.
Obrigado e muita boa sorte
Obrigado pelo seu comentário Pedro. Boa sorte para a sua situação.
Olá,
Estive a ler o seu testemunho, e devo confessar, que me revejo em si.
Toda a minha vida trabalhei sem nunca de deixar de cumprir com as minhas obrigações. Decidimos abrir o nosso negócio (eu e uma irmã), contraímos um empréstimo para adquirir o equipamento (que até à data se mantém em dia). Também no 1º ano correu bem a atividade mas depois com a conjuntura atual do país as coisas começaram a descambar: 1º Deixámos de cumprir com a renda (1850€ mensais) depois com a Seg. Social e por fim com as Finanças. De seguida contraímos as pequenas dívidas com alguns fornecedores, água, luz e gás (mas que não deixam de ser dividas). Com o estado é possível um plano de pagamentos mas relativamente à renda não conseguimos chegar a acordo, o advogado do senhorio diz, e passo a citar: “que a cliente dele não precisa de dinheiro portanto não quer nenhum acordo, e que assim vai colocar uma ação contra nós por uma questão de justiça .”. Para além do mais temos que encerrar a atividade e nem sequer temos dinheiro para isso.
E esta é a situação caótica que eu coloquei-me a mim e aos meus familiares. Sinto tanta culpa/ vergonha do que sou e do meu fracasso que se eu pudesse escolher e não tivesse quem depende-se de mim (o meu filhote), certamente que não continuaria nesta luta. Contudo falta-me a coragem para pedir a insolvência, não por mim, mas pelo o meu marido, filho, pelos meus sobrinhos (filhos da minha irmã) que por meu erro e responsabilidade minha vão perder o que é deles por direito.
Resumindo, por uma divida de +/- 75.000€ vamos perder o pouco mas importante que conseguimos com tanto esforço.
Obrigada pelo o seu tempo e boa sorte!
Obrigado pelo comentário Solange. Se precisar de alguma ajuda possível, disponha.
ola boa noite…gostaria de expor o meu caso porque me sinto entre a espada e a parede e nao sei o que fazer. Pedi insolvencia pessoal apos o meu divorcio pois nao aguentava mais as chamadas do banco e dos credores a quem o meu ex marido tinha pedido dinheiro . eram creditos em meu nome porque o meu ex marido ja nao podia ter nada n nome dele e um apartamento que deviamos tambem ao banco do qual tinhamos fiadores. Pedi apoio juridico fui declarada insolvente e alguns meses apos a minha vida comecou a andar pra tras ainda mais do que ja estava. Infelizmente a minha advogada nao se importa muito com o meu caso nunca me esclarece as minhas duvidas e fiquei a saber que tenho que dar ao administrador 180 euros todos os meses que ao fim dos 5 anos faz 11000 euros uma quantia muito elevada que eu nao posso pagar concerteza senao nao tinha pedido a insolvencia . Com o divorcio eu fiquei com a minha parte das dividas isto quer dizer 20000e de creditos mais 30000 da parte d apartamento que faltava pagar ao banco. Com a insolvencia a minha fiadora d apartamento diz que vai ter de pagar o que falta ao banco que sao 40000e uma vez que o banco ficou com o apartamento ate aqui muito bem eu entendo mas o problema e que ela diz que ela vai ter de pagar tambem o custo da insolvencia ao tribunal que sao mais ou menos 10000euros . Enconto me desesperada porke com todos estes problemas acho que pedir insolvencia nao foi a melhor das solucoes ou entao sou eu que nao estou bem esclarecida…. obrigado espero que alguem me consiga esclarecer um pouco
Boa tarde ei tambem tou numa situação e estou apensar pendir insolvência ,foi fiadora de uma amiga minha ficou a dever mais de 10000 euro somos duas fiadoras mas so estão atras de mim ja me penhoraram a minha conta bancária ja foram ao meu trabalho ‘ ja paguei quase 2500 euros sozinho, nestw momento estou desempregada e estou a pensar em pedir insolvência,gostaria de saber pedindo a insolvência como é calculado quanto tenho que pagar por mes. Obgd